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Introdução
A formulação de quesitos e a elaboração de respostas técnicas são etapas decisivas em um processo judicial que envolve prova pericial. Para o advogado, os quesitos representam a oportunidade de direcionar o perito para pontos essenciais, testando hipóteses, levantando dúvidas estratégicas e explorando aspectos que podem favorecer a tese de seu cliente. Já para o perito, responder aos quesitos significa demonstrar domínio técnico, clareza e objetividade, transmitindo ao juiz a segurança necessária para fundamentar sua decisão. É nesse espaço de diálogo técnico-jurídico que muitas demandas se definem. Por isso, qualquer recurso capaz de otimizar, agilizar e refinar essa produção textual merece ser considerado e a inteligência artificial tem se mostrado uma ferramenta poderosa nesse sentido.
A proposta deste artigo é analisar em profundidade como a IA pode auxiliar advogados e peritos na redação de quesitos e respostas técnicas. Vamos abordar desde as possibilidades de uso prático até os cuidados éticos e estratégicos que precisam ser observados. O objetivo é mostrar que a IA não substitui a análise crítica do profissional, mas pode funcionar como um verdadeiro assistente, sugerindo caminhos, revisando textos e oferecendo insumos que poupam tempo e ampliam a qualidade da produção jurídica.
A importância dos quesitos no processo judicial
Os quesitos são perguntas formuladas pelas partes, pelo juiz ou pelo Ministério Público ao perito nomeado. Seu papel é delimitar a perícia, orientar a investigação técnica e levantar dúvidas que precisam de esclarecimento especializado. Em uma ação trabalhista, por exemplo, os quesitos podem buscar saber se determinado adicional foi pago corretamente, se a jornada extrapolava os limites legais ou se as horas de intervalo foram observadas. Em uma ação bancária, podem questionar a legalidade de cláusulas contratuais, a prática de capitalização de juros ou a correta aplicação de índices de correção monetária. No campo previdenciário, podem explorar carência, tempo de contribuição ou a base de cálculo de benefícios. Em qualquer área, o êxito dos quesitos está na sua clareza, pertinência e capacidade de guiar o perito para pontos relevantes.
No entanto, formular bons quesitos exige experiência, domínio técnico e visão estratégica. Perguntas vagas, mal redigidas ou excessivamente genéricas correm o risco de serem indeferidas pelo juiz ou de não produzirem os efeitos desejados. É nesse ponto que a IA pode ser um apoio valioso, ajudando a estruturar perguntas mais objetivas e adaptadas ao contexto do processo.
O papel das respostas técnicas do perito
Se os quesitos representam o olhar da parte sobre o objeto da perícia, as respostas técnicas são a devolutiva especializada do perito. Sua função é traduzir conhecimento técnico em linguagem acessível, mas precisa, para que o juiz possa compreender os fundamentos e decidir com base em evidências. Uma boa resposta técnica deve ser objetiva, fundamentada e estar alinhada com os documentos e metodologias aceitas. Deve também evitar ambiguidades e, sempre que possível, apresentar demonstrações numéricas, tabelas ou explicações didáticas.
O grande desafio é equilibrar profundidade técnica com clareza comunicativa. Muitos laudos pecam por excesso de jargão, enquanto outros falham por superficialidade. Nesse ponto, a IA pode atuar como revisora e assistente de escrita, sugerindo ajustes de linguagem, clareando explicações e até mesmo oferecendo exemplos comparativos que tornam a resposta mais didática.
Como a IA pode auxiliar na redação de quesitos
Um dos usos mais diretos da IA é a geração de sugestões de perguntas a partir de uma narrativa ou de documentos. Por exemplo, o advogado pode fornecer à ferramenta um contrato bancário e solicitar: “Sugira dez quesitos que explorem possíveis ilegalidades nesse contrato, como anatocismo, juros abusivos ou cláusulas de indexação.” A IA não apenas propõe perguntas, mas também estrutura as redações de forma clara, evitando termos vagos. Outra possibilidade é pedir: “Reescreva os seguintes quesitos para maior objetividade e clareza.” O sistema, então, refina a redação sem alterar o conteúdo estratégico.
Além disso, a IA pode auxiliar na personalização dos quesitos conforme a área do direito. Em demandas trabalhistas, pode ajudar a formular perguntas sobre adicionais, jornada, insalubridade ou periculosidade. Em causas previdenciárias, pode propor quesitos sobre tempo de contribuição, qualidade de segurado e regras de transição. O importante é lembrar que a IA gera rascunhos e sugestões, mas cabe ao advogado avaliar a pertinência, adequação jurídica e viabilidade estratégica de cada um.
IA como suporte na elaboração de respostas técnicas
Para o perito, a IA pode ser usada como apoio em diferentes etapas. Primeiro, pode ajudar a estruturar a resposta, sugerindo modelos de introdução, desenvolvimento e conclusão. Segundo, pode revisar o texto em busca de clareza, simplificação de termos e eliminação de ambiguidades. Terceiro, pode oferecer exemplos práticos, metáforas ou analogias que facilitem a compreensão do juiz, sem perder o rigor técnico.
Exemplo prático: o perito precisa responder se houve anatocismo em determinado contrato. Ele pode elaborar a explicação técnica e, em seguida, pedir à IA: “Reescreva essa explicação de forma didática, como se fosse para alguém que não é especialista em finanças, mas precisa entender o conceito para decidir.” O resultado é uma resposta mais clara e persuasiva, sem comprometer a base técnica.
Exemplos de prompts úteis
Para ilustrar, seguem alguns comandos que podem ser usados na prática:
Exemplo 1 (para advogados): “Analise este contrato bancário e sugira cinco quesitos que questionem a legalidade das cláusulas de juros.”
Exemplo 2 (para peritos): “Reescreva essa resposta técnica de forma clara e objetiva, para que seja compreendida por alguém sem conhecimento contábil.”
Exemplo 3: “Sugira melhorias de redação para os quesitos abaixo, tornando-os mais diretos e precisos, sem perder o conteúdo.”
Exemplo 4: “Organize as respostas técnicas em tópicos explicativos e adicione exemplos comparativos para facilitar a compreensão.”
Esses prompts mostram como a IA pode atuar como uma parceira de escrita, não apenas automatizando, mas qualificando a produção técnica.
Vantagens do uso da IA
O principal benefício está na economia de tempo. Tanto advogados quanto peritos podem reduzir drasticamente o período gasto na redação inicial, usando a IA para gerar rascunhos e depois aplicando sua análise crítica. Outro ganho está na qualidade: a IA ajuda a eliminar redundâncias, simplificar estruturas e trazer mais clareza ao texto. Além disso, há a vantagem estratégica de testar diferentes versões rapidamente. Se um quesito não está convincente, é possível pedir à IA outras alternativas, até encontrar a mais adequada.
Outro ponto positivo é a padronização. Escritórios e empresas de perícia podem usar IA para criar modelos de quesitos e respostas que sirvam de base para toda a equipe, garantindo consistência nos documentos. Isso é especialmente útil em demandas repetitivas, como ações bancárias ou trabalhistas em massa, nas quais os temas centrais se repetem com frequência.
Cuidados e limites
Apesar das vantagens, há riscos que precisam ser considerados. O primeiro é a superficialidade: a IA pode propor quesitos ou respostas que soem convincentes, mas que carecem de fundamentação técnica ou jurídica. O segundo é o risco de dependência: confiar apenas na IA pode comprometer a autonomia intelectual do advogado ou perito. Outro ponto crítico é o sigilo: compartilhar documentos confidenciais com ferramentas de IA requer cautela, verificando sempre a segurança da plataforma utilizada.
Além disso, a IA não substitui a interpretação jurídica nem o raciocínio técnico. Cabe ao profissional validar cada sugestão, ajustá-la ao contexto do caso e, sobretudo, garantir que a estratégia esteja alinhada aos interesses do cliente ou às exigências da justiça. A IA é um apoio, não um substituto.
Conclusão
A inteligência artificial oferece um potencial transformador na redação de quesitos e respostas técnicas. Para advogados, ela funciona como um assistente que sugere perguntas mais claras, objetivas e pertinentes. Para peritos, atua como revisora e facilitadora, ajudando a transformar respostas complexas em explicações acessíveis e bem estruturadas. No entanto, sua utilização deve ser feita com consciência, respeitando os limites éticos, jurídicos e técnicos que regem a prática profissional.
Em um cenário cada vez mais competitivo, o profissional que souber integrar a IA ao seu trabalho terá uma vantagem estratégica. Não se trata de delegar funções à máquina, mas de ampliar a própria capacidade de produção, mantendo o controle intelectual e estratégico. O futuro da advocacia e da perícia judicial passa pela colaboração entre humano e tecnologia, e a redação de quesitos e respostas técnicas é um campo fértil para explorar esse novo paradigma. Quem aprender a usar a IA de forma responsável e inteligente certamente estará um passo à frente no mercado.
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